quinta-feira, 1 de julho de 2010

Eu cansei

Eu cansei!
Cansei de não ter algo pra chamar de meu, de ter medo da morte, do frio, da solidão até da minha própria sorte.
Eu cansei de não ser útil, de não saber sobre o que se deve saber, de não me governar, me parar, me reciclar e de não me achar.
Eu cansei!
Cansei das minhas constantes mudanças de humor, da minha falta de vaidade, de ego, de amor próprio e de auto-confiança.
Eu cansei de me caber, me sobrar, de não enxergar, não sentir e não gostar.
Cansei de não gostar de mim, de alguém, desse ou daquele. Eu cansei de ser vazio.
Cansei de sangrar a cada dia aquela gota que já foi derramada com o mesmo sangue da minha tortura. Cansei de reviver, não viver, saltar, cair, levantar e acreditar que progredi.
Cansei de pular meus telhados feitos de finas telhas, telhas que me cortam a cada salto.
Ossos do oficio é uma linha tênue entre a colheita do que plantei e o rumo que toma minha vida.
Eu estou aos pedaços, cada fragmento nas mãos esquecidas de cada pessoa que confiei.
Eu cansei!
Cansei de me iludir com o que pode ser bom, o bom quando toca em mim sempre vira algo não muito agradável...
Eu queria poder fazer algo por alguém, quem sabe assim me espelho em minhas próprias ações e as uso em minha vida.
Quem sabe assim, minha canção soe mais leve, meu choro menos dolorido, minhas magoas um pouco mais fechadas, o ar contido em meu peito possa ter vazão. Que terminem os dias de insônia que vem e vão, e que enfim, eu consiga fazer de mim, metade do que quando criança eu previa... Sorria.
Já que falei em criança... Eu me vejo como uma que acaba de nascer, e que sem os braços da mãe, chora de agonia, de medo, de incerteza, chora para colocar ar nos pulmões que lhe fora privado durante nove meses... Eu estou mergulhada.
Eu ainda não aprendi como colocar um pé na frente do outro, como dizer a palavra chave, como pedir o que preciso. Eu não sei me cuidar, me governar, me criar.
Eu continuo caindo, levantando e progredindo. Eu sei que disse que não acredito em meu progresso, mas se até o Dunga diz que o Brasil será Hexa, como posso eu não acreditar no que digo? Assim sigo; com a minha esperança nacionalista, minha descrença cidadã e meu orgulho patriota. Sou eu, o ser mais crente nessa Pátria a quem chamo de ‘eu’ do que possa existir.