sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Consciência

Não vá se ofender com o que eu disser
Mas você disse ser mais forte que essa mera mulher
Pois então ouça o que eu tive que agüentar
E pense se sua força pode me derrubar

Eu passei pelo inferno pra poder me moldar
Eu pisei em cacos até reaprender a andar
Você não sabe um terço do que senti
Eu me enganei me rasquei, me quebrei não me vi

Eu fui seu fantoche, sua experiência
Você foi meu chão, meu céu, minha existência
Eu sou seu passado, seu ultimo caso
Você é minha dor, meu acaso, meu atraso.

Quando você aprender a ser um homem
Me olhe de frente
Não me faça te consolar
Quando sou eu que estou doente

Você é meu cansaço emocional
Minha dor física, meu final
Não quero mais te ver, te tocar
Se enxergue! Você não é mais o meu lugar

Não te quero mal
Só não te quero afinal
Fique com sua nova conquista
Desejo a ela sorte e espero que seja otimista

iguais

Não me diga o que fazer
Não venha me abraçar
Você não seria capaz de ouvir
Tudo que eu preciso te falar

Não venha me dizer que isso passara
Não vá fingir que sabe o seu lugar
Você diz coisas absurdas e diz me amar
Que eu me lembre, você jurou nunca me abandonar
Eu quero ver nossos corpos queimando
Afinal, somos iguais
Tudo o que eu te ensinei
Você fingi que sabe e faz

Afunde, levante, volte, enterre-se
Afunde, levante, volte, enterre-se
O lugar imundo onde nossas almas se encontraram
Será no fundo do seu cinismo
Abismo que você cravou com sua própria ignorância

Afunde, levante, volte, enterre-se
Afunde, levante, volte, enterre-se
O seu final será o mesmo que o meu
Só não se esqueça que o seu fim sou eu

domingo, 15 de novembro de 2009

18:35

Eu só sabia que precisava me forçar a respirar. Eu estava presa em uma espécie de cadeia sentimental onde eu era escrava dos meus próprios sentimentos, aqueles que não me afetavam em nada. Eu me forçava a não mais cair, me forçava a colocar um pé na frente do outro para sair da inércia. Eu me forçava..
Eu tinha que ensinar a mim mesma como ter paciência, como saber me controlar, como conseguir me manter em mim.
Eu tive que explicar a minha alma, que o lugar dela era no corpo inabitável que vos falava.
Eu tive que convencer meu coração a bater, pois ele já havia desistido de bombear os meus sentidos. Eu precisei parar meu cérebro. Precisei não pensar, não sentir, não raciocinar, não lembrar. Quando fui clamar aos meus pulmões para sugarem o tal ar que não me vinha, eu pude ouvir seu ultimo sopro de ar.
Eu movi meus braços e pedi para que eles nunca me faltassem, para que se minhas pernas não pudessem mais me carregar, que de alguma forma, eles me segurassem.
Eu me vi perdida em meio ao tempo, ao vento, ao acaso... O tempo só pôde me dizer pra confiar em seu poder, que só ele poderia me fazer esquecer. O vento soprou meus cabelos e acariciou minha pele, fazendo com que seu toque me confortasse.
O quarto escuro em mim é vazio há anos, pelas minhas contas..Há uns 16.
Eu reformulei minhas frases não ditas, refiz meu passado imutável, programei meu futuro incerto, atravessei para a mesma calçada e moldei as formas já perfeitas.
Eu vou pedir para o tempo estar sempre claro, para o meu céu estar sempre azul, e minhas nuvens sempre brancas. Quero meus dias amarelos , minha folhas verdes, meus olhos não mais vermelhos. Quero colocar meu sorriso de molho, minhas expressões de lado, meu tédio no passado, minhas mentiras em outro plano. A durabilidade da minha paz de espírito será eterna assim que eu encontrá-la. Meu humor não terá prazo, meu riso será imutável, eu continuarei apostando naquilo que não acredito, e não, eu não vou me fechar.

E eu estarei de pé quando a minha história começar.

4. O despertar

"Veio uma brisa leve, nada natural. Meus olhos se abriram. As folhas de um pequeno bordo estremeceram com o vento suave de sua passagem.
Ele se fora.
[...]

Enquanto estava deitada ali, tive a sensação de que se passara mais tempo do que eu percebera. Não conseguia me lembrar de quanto tempo passara desde o anoitecer.

[...]

Uma lua nova. Eu tremi , embora não estivesse com frio. Ela só ficou dizendo "Ele foi embora."
Será como se eu nunca tivesse existido.

[...]

Senti o chão de madeira liso sob meus joelhos, depois sob a palma das minhas mãos e, em seguida, comprimido sob a pele do meu rosto. Eu esperava estar desmaiando, mas, para minha decepção, não perdi a conciência. As ondas de dor que me haviam assaltado pouco tempo antes se erguiam agora com força e inundaram minha cabeça, puxando-me para baixo.
Não voltei á superficie.


73.

... O tempo passa. Mesmo quando isso parece impossivel. Mesmo quando cada batida do ponteiro dos segundos dói como sangue pulsando sob um hematoma. Passa de modo inconstante, com guinadas estranhas e calmarias arrastadas, mas passa. Até para mim."

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Brincar de viver

.

Quando penso em mim no passado, não posso deixar de pensar no presente; no que sou agora, no que me tornei e no que serei.
Quando eu era aquela criança assustada, com medo do escuro, medo de monstros imaginários e seres de outro mundo, eu era mais forte do que sou hoje.
Aquela criança preocupava-se somente em brincar, em rodar na ciranda e contar até dez para começar a procurar.
Na verdade, eu nunca fui essa criança, eu nunca soube brincar, eu nunca consegui contar até dez, eu era bem mais impaciente que isso.Eu continuei procurando, procurando por mim mesma... Pela criança que nunca fui.
A criança gostava de brincar com as bonecas e sempre fazia delas princesas com seus príncipes.
Aquela criança adorava dançar e se vestir com as roupas da mãe pra poder se sentir mais adulta, agora, aquela criança só brinca com as pessoas, não mais com as bonecas, e ela não sabe mais dançar e não quer mais ser adulta, ela quer voltar a ser a criança que não soube ser.
Essa criança perdeu muitos amigos, chorou por cada um deles, dedicou-se, mas perdeu-os. Ela conseguia sorrir sem nenhum motivo aparente, mesmo quando estava triste; ela não sabia o que era a tristeza, só a sentia.
Ela conseguiu isolar o mundo e esquecer que ele não é bom, ela acreditava que ele era bom.
O mundo deu suas voltas, e a criança cresceu e passou a entender que o mundo é melhor do que ela pensava, pois ele lhe deu grandes problemas pra serem resolvidos.
E só uma grande pessoa pode receber grandes trabalhos e fazer deles o mais simples possível.
Só uma grande criança poderia abandonar sua boneca e trocá-la pelos problemas que a fariam maior ainda.
Aquela criança quebrou o seu único brinquedo mecânico: seu coração.
Ele brincou com ela, e ela com ele.
Hoje essa criança é “adulta” e não sabe mais quem é, só o que é.
Essa criança dorme sozinha, mas ainda tem medo do escuro, essa criança pede apenas atenção, apenas uma presença, apenas algo que a faça ser o que ela não sabe ser.
Essa criança, mais do que nunca, é uma construção inacabada que junta seus tijolos dia-a-dia pra quem sabe um dia, poder brincar dentro de si.