Avestruz!
É o buraco em que vivo. É como se todas as superfícies
fossem desejavelmente apetitosas para famosos buracos em que me esconderia.
Abria um a cada passo em que dou.
Acordei, luz vermelha cobria todo o meu corpo por causa da
cortina avermelhada e a janela aberta contra o sol.
Eu levantei. O chão frio não pôde entrar em contato com meus
pés ainda quentes pois estava de chinelos, estou sempre usando escudos e
tomando muito cuidado com qualquer tipo de agressão a minha face, ao meu peito,
a minha pele, aos meus pés que me sustentam.
Eu senti o ar bater mais forte enquanto corria sobre algumas
rodas do patins... Sem liberdade.
O joelho ralado referente ao tombo me lembra alguns outros
que doeram bem mais. Os da magoa.
O filme sem desfecho, o texto sem começo, o ninho
desajeitado.
Eu vim em silêncio...
É como uma carga elétrica, sem energia.
É feito raio de luz, apagando manso...
Eu preciso trocar os ambientes, os focos das fotos, as
frases cansadas.
Será que consigo deixar de dizer sobre, sem que me esqueça
antes?
Eu cansei dessa melancolia bonita que eu pinto só pra mim
mesma... Só preu não achar que está tão ruim.
Tem muito palhaço na rua se achando engraçado, tem muito
mendigo na rua não se achando gente.
Tem muita gente fazendo cagada sem que ninguém perceba, tem
muita gente pra ser notada sem que alguém se importe.
Cadê a marca no mundo, o sorriso no peito e a paz nos lábios?
Pra onde foram as arvores de raízes fortes e folhas
delicadas?
Hoje em dia é só pedra na cruz e velocidade no asfalto.
Hoje em dia é falta de tempo pro útil, pro essencial, pro
necessitado.
Eu quero ser mais humana. Sentir ainda mais forte, mesmo que
seja dor.
Eu não quero passar por essa vida como quem não passou.
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